Left Logo Right Logo

Simpósio KIX 2024 e Implicações Políticas para a Educação Africana no Século 21

Published on April 7, 2025 by AU-IPED
Rural classroom in Africa

O 3º Simpósio Continental GPE KIX sobre Pesquisa em Educação, realizado em Adis Abeba, Etiópia, de 20 a 22 de novembro de 2024, reuniu formuladores de políticas, pesquisadores e líderes educacionais de toda a África.

Sob o tema "Educar um Africano para o século 21: Construindo sistemas educacionais resilientes para aumentar o acesso a aprendizados inclusivos, ao longo da vida, de qualidade e relevantes na África", o simpósio destacou a necessidade urgente de políticas transformadoras para enfrentar os desafios educacionais do continente. Aqui estão reflexões sobre as principais implicações políticas para a educação africana no século 21, extraídas dos ricos debates do simpósio.

1. Repensar a educação para o século 21

O simpósio destacou a necessidade de repensar os sistemas educacionais africanos para alinhá-los às demandas do século 21. Currículos e métodos de ensino tradicionais estão se tornando obsoletos, pois não equipam os alunos com o pensamento crítico, resolução de problemas e habilidades digitais necessárias na economia global atual.

O simpósio observou que os formuladores de políticas devem priorizar reformas curriculares que integrem educação STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), promovam inovação e aproveitem a tecnologia para melhorar os resultados de aprendizagem.

Uma das discussões mais convincentes centrou-se na importância de descolonizar os sistemas educacionais africanos. Isso envolve desenvolver currículos que reflitam realidades, valores e línguas africanas. O ensino em línguas maternas no nível primário, por exemplo, foi identificado como passo crucial para melhorar a alfabetização e garantir relevância cultural.

Os formuladores de políticas também devem criar caminhos que conectem educação pré-primária, primária, secundária e superior, garantindo educação estruturada e inclusiva para todos os alunos.

2. Investir na educação infantil

O simpósio reforçou o poder transformador da educação infantil (EPI) no desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Apesar de seus benefícios comprovados, a EPI permanece subfinanciada e inacessível para muitas crianças africanas, especialmente em áreas rurais. Os formuladores de políticas devem aumentar investimentos na educação pré-primária pública, garantindo que toda criança tenha acesso a oportunidades de aprendizagem precoce de qualidade.

Além disso, o simpósio enfatizou a necessidade de programas de educação parental para conscientizar sobre a importância da EPI. Envolvendo pais e comunidades, os governos podem criar um ecossistema de apoio que melhore os resultados da aprendizagem precoce e estabeleça bases para o sucesso ao longo da vida.

3. Desenvolvimento profissional e bem-estar docente

Professores são a espinha dorsal de qualquer sistema educacional, mas muitos países africanos enfrentam crise na formação, motivação e retenção docente. O simpósio pediu investimentos robustos na formação inicial e continuada, equipando educadores com habilidades para oferecer educação do século 21.

Abordagens inovadoras como mentoria entre pares, desenvolvimento profissional contínuo e uso de soluções low-tech (WhatsApp) para formação docente foram destacadas como estratégias eficazes. Mas a formação sozinha não basta. Os formuladores de políticas também devem abordar o bem-estar docente através de remuneração adequada, benefícios por dificuldades e reconhecimento de suas contribuições.

4. Alavancar dados para políticas baseadas em evidências

A tomada de decisão baseada em dados emergiu como tema recorrente. Sistemas Robustos de Informação para Gestão da Educação (SIGE) são essenciais para monitorar progresso, identificar lacunas e informar intervenções políticas. Porém, muitos países africanos lutam com coleta, análise e disseminação de dados educacionais.

Os formuladores de políticas devem priorizar o desenvolvimento de políticas SIGE que promovam coerência, precisão e acessibilidade de dados. Plataformas open-source como DHIS2 para Educação foram apresentadas como soluções econômicas. Iniciativas de capacitação também são necessárias para que formuladores de políticas possam interpretar e usar dados efetivamente.

5. Promover educação inclusiva e equitativa

A inclusão foi tema central, com forte foco em necessidades de grupos marginalizados (meninas, crianças com deficiência, refugiados). Apesar do progresso no acesso à educação, disparidades persistem, especialmente em áreas rurais e de conflito.

Os formuladores de políticas devem adotar abordagem baseada em direitos humanos, integrando tecnologias assistivas, criando espaços seguros para meninas e desenvolvendo intervenções direcionadas para crianças fora da escola.

6. Aproveitar tecnologia e inovação

O potencial transformador da tecnologia foi destaque. De robótica e IA a Recursos Educacionais Abertos (REA), soluções inovadoras estão surgindo para reduzir a divisão digital. Mas a adoção tecnológica deve ser específica ao contexto africano.

Os formuladores de políticas devem investir em infraestrutura digital, fornecer treinamento para professores e alunos, e garantir acesso equitativo à tecnologia. O simpósio também destacou a importância de soluções low-tech (plataformas móveis) para alcançar comunidades carentes.

7. Fortalecer parcerias e colaboração

O simpósio destacou a necessidade crítica de colaboração entre governos, pesquisadores e partes interessadas. Parcerias entre ministérios da educação, universidades e agências de desenvolvimento são essenciais para gerar e disseminar pesquisas que informem políticas.

O simpósio instou os formuladores de políticas a criar plataformas para diálogo e compartilhamento de conhecimento, e pediu maior cooperação entre países africanos para trocar melhores práticas.

8. Enfrentar mudanças climáticas e sustentabilidade

O impacto das mudanças climáticas na educação foi outro tema crítico discutido. À medida que os desafios ambientais se intensificam, os sistemas educacionais devem se adaptar para garantir resiliência.

Os formuladores de políticas devem integrar adaptação às mudanças climáticas e sustentabilidade nos planos setoriais de educação, equipando os alunos com conhecimentos e habilidades para enfrentar esses desafios.

Um chamado à ação

O 3º Simpósio GPE KIX foi um poderoso lembrete do potencial transformador da educação na África. Mas realizar esse potencial requer ação ousada e decisiva dos formuladores de políticas. Os países africanos podem construir sistemas educacionais adequados ao século 21 priorizando reformas curriculares, investindo na EPI, apoiando professores, utilizando dados, promovendo inclusão e tecnologia.

É crucial que as recomendações do simpósio se traduzam em políticas e ações concretas. A hora da mudança é agora, e o futuro das crianças africanas depende do compromisso coletivo do continente em transformar a educação.